O futuro do livro: "o sol será sempre o sol".



“Talvez os nossos filhos possam constituir-se na primeira geração 100% digital, cá para mim falar de multimédia e livros é o mesmo que falar de lâmpadas ultravioletas e do sol. As primeiras são de uma utilidade inegável, mas o sol será sempre o sol.”

Pedro Oliveira Alves, 1997

No meu post anterior levantou-se a questão do futuro do livro face ao avanço das tecnologias da comunicação, nomeadamente a presença cada vez mais marcante da Internet. Será que o formato digital rivaliza com o impresso ou será que se complementam?

As editoras são obviamente as primeiras a preocuparem-se com esta questão. Até agora os livros em formato digital ocupam um espaço diminuto no mercado livreiro. Basta entrar numa livraria e ver quantos títulos de livros existem em papel e quantos em CD-Rom. A maioria dos Cds serve a leitura funcional, constituíndo obras de referência e consulta, tais como enciclopédias (a Encarta é um bom exemplo). Depois há os programas educativos de cariz interactivo, alguns deles extremamente apelativos, permitindo aprender de forma lúdica.

Em relação à leitura recreativa, contam-se pelos dedos das mãos os romances publicados em CD. Livros especializados também não há muitos. E claro que os CD-Roms têm que ser comprados mas a Internet oferece literatura gratuíta . Há bibliotecas on-line (o Projecto Gutenberg por exemplo) com extensas bases de dados de obras literárias sem copyright, disponíveis para download, muitas já em formato .pdf., paginadas, com cabeçalhos, rodapés e sumários à semelhança de um livro impresso. Trata-se sobretudo de obras de autores clássicos, cujos direitos de autor já expiraram. A Bíblia, os textos romanos e gregos antigos, Eça de Queiróz, Shakespeare, Camões, Victor Hugo, Mark Twain, Leonardo Da Vinci, Jane Austen, Tolstoi ... a lista é variada e interminável. Mas, por curioso que pareça, isso não diminui a venda dos clássicos em formato papel. O motivo parece-me óbvio: é extremamente desconfortável ler um livro no computador. Eu teria que o imprimir para o ler ( a relação com o livro também é física!), o que acabaria por sair mais caro. Estatísticas dizem que nove em cada dez pessoas não gosta de ler textos extensos no écran. Os meus colegas bloggers decerto compreendem este facto: um post demasiado extenso é menos apelativo do que um mais sucinto. O blogger é, geralmente, um leitor preguiçoso (eu incluída). Mas o suporte digital não convida a leituras muito prolongadas, especialmente se o texto for compacto.

E se quisermos o último livro de Saramago, Miguel Sousa Tavares, Gabriel Garcia Marquez, Paulo Coelho ou Margarida Rebelo Pinto? Os livros do Harry Potter? Ou Dan Brown? Não vamos achar porque o seu nome numa capa e as suas palavras no papel ainda rendem dinheiro.

Um bom exemplo de como a Internet e o Livro fazem um bom casamento é o facto de a primeira ser um óptimo meio para vender publicações impressas. Que o diga a Amazon, talvez a maior livraria on-line, que disponibiliza 2,5 milhões de títulos, vende tanto livros novos como usados, com desconto até 88% e factura algo como cerca de 100 milhões de dólares por ano.

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