Estudo revela: as crianças que ouvem histórias aprendem mais depressa e com maior facilidade

"Mais de dois meses de avanço. As crianças a quem os pais lêem histórias aprendem dois meses mais cedo que as outras. Na altura em que entram para a escola primária, aprender a ler, a escrever e a fazer contas é mais fácil. Segundo um estudo britânico feito a 19 mil bebés e cujos primeiros resultados foram conhecidos ontem, as crianças que ouvem histórias contadas pelos pais aprendem mais depressa e com maior facilidade, não só a ler e a escrever, mas também a contar e a fazer operações matemáticas.

"Os pais devem ler às crianças porque isso lhes desenvolve o cérebro e o raciocínio. Deve ser incentivado - mas nunca uma obrigação", explica ao i o psiquiatra Daniel Sampaio.

Os investigadores do Millennium Cohort Study começaram a seguir crianças inglesas nascidas no início do século xxi com o objectivo de estabelecer um "perfil" de caracterização da geração pós-viragem do século. Os primeiros resultados divulgados referem-se a 2006 e 2007, altura em que as crianças que participam no estudo tinham cinco anos.

"O potencial máximo de aprendizagem do cérebro acontece até aos seis anos. Está provado do ponto de vista neurológico. O que fazemos até essa altura é vital: se o estímulo for o correcto, potencia as capacidades", defende a psicoterapeuta Rita Ribeiro. A especialista conta ao i que a leitura, quando feita de "forma adequada à faixa etária, potencia as sinapses" - movimentos cerebrais relacionados com a comunicação entre neurónios. "Quanto mais cedo for introduzida de forma lúdica, melhor. Aumenta a capacidade de comunicar, melhora o vocabulário da criança e potencia a criatividade e a imaginação. E ainda a probabilidade de a criança vir a tornar-se uma boa leitora", fundamenta.

A ideia de que ler às crianças é benéfico para o desenvolvimento e para a aprendizagem é um dos fundamentos do Plano Nacional de Leitura. Numa biblioteca de crianças deve haver livros "o mais variados possível", com temas como "medos" ou que lhes permitam conhecer outras realidades, "para não corrermos riscos de criar crianças alheadas do mundo e que pensam que os ovos vêm do supermercado", acrescenta".

Jornal i,
"Crianças que ouvem histórias aprendem dois meses antes" (excerto)

por Mariana de Araújo Barbosa, Publicado em 18 de Fevereiro de 2010

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